quarta-feira, 2 de julho de 2008

A IMPORTÂNCIA DOS MITOS






"Desenvolver a fantasia significa aperfeiçoar a humanidade"
Jung



Os mitos não são apenas meras histórias que encantam ou desencantam quem com elas se deparam. Seu papel é extremamente importante na constituição da cultura, independente do local que se originou – se pertence ou não a um povo – ele contribui no desenvolvimento individual e coletivo. Os mitos permitem a tomada de consciência sobre a vida instintiva, possuem a capacidade de gerarem padrões de comportamentos que garantem à evolução psico-social e a atitude criativa diante da vida (nos diferindo dos animais). Eles não deixam de representarem a história de nossa humanidade, dando um sentido na existência efetiva e espiritual. Como diz Joseph Campbell: ‘Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Eles são histórias de nossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos. Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente’.
Em suas ações estruturantes, possibilitam referencias (consciente ou inconscientemente) a um padrão mais adequado de comportamento, como exemplo: quando uma pessoa se sente envolvida emocionalmente com a temática do herói, trata-se de um indicativo de qualidades ainda não definidas, ou refletem, simbolicamente, comportamento que é necessário ser desempenhado pelo sujeito em alguma área de sua vida; fato muito comum principalmente nos adolescentes. Em suma, pode-se dizer, os heróis possuem a função de reportar ao comportamento adequado para introduzir ou corrigir o indivíduo na perspectiva de sua totalidade.
No processo de análise psíquica, eles são extremamente úteis como mecanismo de ampliação de focos psicológicos; principalmente, quando esses focos estão carregados de energia afetiva. O que seria isto? O ser humano possui enorme dificuldade em perceber seus comportamentos que não são benéficos – mesmos as pessoas auto-depreciativas – e a maioria dos comportamentos, de certa forma não apropriados, possuem um ganho secundário cujo benefício para o sujeito é da ordem do inconsciente. Isto não deixa de ir concentrando um tono afetivo que tende cada vez mais a aglomerar energia psíquica. Assim pode evoluir tanto, ao ponto de criar um
complexo afetivo. Independente de chegar a esse ponto, os mitos, por serem expressão de arquétipos – padrões de comportamento da herança da humanidade - permite a pessoa se enxergar neles (consciente ou inconscientemente) e, assim se pode remodelar suas posturas.
A ação do mito funciona tal qual um sonho [vide artigo "Sonhos Conpensatórios e os Mitos"]; Os mitos estão para a sociedade, assim como os sonhos estão para o indivíduo. Ambos, através de suas mensagens promovem a saúde, independente, ou não, de entender seu significado simbólico – eles possuem uma eficácia por si mesmo. Se for possível compreender o desempenho do arquétipo no mito, ou, entender a ação arquetípica no sonho; permitirá uma maior liberdade decorrente do mundo instintivo, como também, uma maior liberdade de ação, um desprendimento da inserção e imposição sociocultural.
O mito devido sua riqueza simbólica, quando correspondem a um comportamento, servem para
ampliar o conteúdo afetivo. Quando não facilita a percepção do que era inconsciente, pelo ao menos, envolve o sujeito em outros parâmetros de comportamento, possibilitando uma reformulação das ações numa perspectiva de uma postura mais saudável de viver, ou apenas, amenizando o sofrimento.

ItaloJ.Furletti.

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