quarta-feira, 2 de julho de 2008

As Deusas em Nossa Vida

"Por trás de todo complexo, há um deus ou uma deusa escondida" C.G.Jung

Não se pode negar a influência da religião na formação de uma sociedade. Nos primórdios da civilização se adorava a lua como deusa, perdurava o princípio feminino voltado para a agricultura e a religião [nossa sociedade matriarcal], mais tarde foi substituída pela adoração ao sol, o princípio masculino, voltado para a conquista e a propriedade [sociedade patriarcal]. Essa é a tendência do comportamento humano, quando vive em demasia uma determinada postura, a tendência é quando se frusta com ela, adota um oposto para compensar uma falha. Existe um provérbio que diz ‘A Verdade é o Caminho do Meio’. Verdade fácil de entender mais difícil de assumi-la.
Há uma tirania masculina (cultural ou individual) que, inibe a mulher trabalhar sua projeção, é como se a felicidade da vida a dois, ou familiar, dependesse de sua subordinação – aceitação – a uma conjuntura que inibe sua ascensão como indivíduo – o adjetivo de indivíduo é indiviso, no sentido que não permite divisão – que é integro consigo mesmo. Uma experiência bastante comum entre as mulheres que vão em busca e algum objetivo, acontece, ao casarem abrem mão de seus objetivos em detrimento a questões de ordem interna e externa; no 1º cuidar dos filhos, cuidar do marido, corresponder a demandas de papeis etc.; no 2º caso devido à pressão familiar, opressão do marido, preceitos religiosos etc. Geralmente essas mulheres conseguem alguma realização em suas potencialidades somente quando se fausta, ou desgasta a vida de casada (independente ou não de uma separação).
O envolvimento com a deusa interior trata-se do despertar a energia que o
arquétipo possui. Para melhor compreensão do que é o arquétipo, faço a analogia de rios que em tempos remotos irrigavam a Terra, com o passar dos séculos esses rios secaram, deixaram de ser o fluxo de águas, para ser apenas um leito estéreo. Suponhamos em uma outra época, com mudanças climáticas, novamente esses rios voltaram a irrigar a Terra. Seu percurso ainda é o mesmo, se origina na mesma localidade e possui o mesmo desfecho no desaguar no mar, porém, suas margens e águas vão adquirir novas conotações. Assim são os arquétipos, nós herdamos essas marcas como padrões da história da humanidade, mas para a retificação de determinados padrões de comportamento, vão depender da constituição pessoal, da maneira e intensidade que cada um investirá para poder ativar estes arquétipos que certamente adquirirá uma característica impar. Assim, não vivemos nunca um arquétipo, nós possuímos uma experiência arquetípica, que é particular. Para a evolução psíquica, é importante descobrir a deusa (arquétipo) que necessita despontar em nossa vida.
Quando falo em deusa, é apenas uma linguagem mitológica que também pode ser entendido como um princípio feminino. Hoje em dia tornou-se extremamente importante o envolvimento com esse princípio, seja em nível do particular como do coletivo; como exemplo podemos ver a própria decadência do processo científico que se respalda na lógica cartesiana; Atualmente é percebido que ele é falho como processo científico, ao invés de esquadrinhar o objeto de estudo para entendê-lo (princípio masculino), percebem que o todo é maior que as somas das partes, é ver a ciência de forma holística, é ver o processo científico através do sentimento (princípio feminino). O império patriarcal está chegando em seu limite de funcionamento, a mulher agora encontra campo para se fazer valer, porém, ela por desconhecer o poder da deusa em seu interior, adota o decadente referencial masculino (animus).
O
taoismo tem um ditado para o desatino do comportamento polar do ocidental: "Quando Yang alcança sua força máxima nasce em seu interior força obscura do Yin, pois ao meio-dia começa a noite, e yang se fragmenta, tornando-se Yin".

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