quarta-feira, 2 de julho de 2008

DEUSAS GREGAS










Afrodite - Deusa do amor, tanto no que tem de mais nobre quanto de degradado. Na sua origem foi também a Deusa da fertilidade. A lenda conta que é a filha de Zeus e Dione, mas a tradição homérica criou outra história bem mais interessante para seu nascimento: quando Cronos castrou o pai, Urano, jogou seus órgãos genitais no mar. Eles flutuaram, formaram uma espuma branca e dela saiu Afrodite, a essência da beleza feminina.
















Atena - Patrona de Atenas, foi objeto de um culto especial. Adorada como deusa da guerra, das artes, da paz e da inteligência prudente. Nos primórdios de se culto, era venerada como noite de tempestade e tinha um culto meteorológico.










Artemis - A Caçadora, a princípio era uma divindade agrícola, adorada especialmente na Arcadia. Artemis é deusa da caça e da floresta, seu caráter é lunar e ela é representada como uma jovem virgem.
















Deméter - Representava o solo fértil e cultivado. Sua maior importância entre os gregos deveu-se à sua figura de mãe, embora seu caráter original, de mãe terra, tenha sido preservado em certas regiões da Grécia. Mãe de Perséfone, rainha do Mundo Subterrâneo, Deméter estendeu sua influência através da filha. Sempre permaneceu em contato com os mortais a quem concedeu os benefícios da civilização.







As Deusas em Nossa Vida

"Por trás de todo complexo, há um deus ou uma deusa escondida" C.G.Jung

Não se pode negar a influência da religião na formação de uma sociedade. Nos primórdios da civilização se adorava a lua como deusa, perdurava o princípio feminino voltado para a agricultura e a religião [nossa sociedade matriarcal], mais tarde foi substituída pela adoração ao sol, o princípio masculino, voltado para a conquista e a propriedade [sociedade patriarcal]. Essa é a tendência do comportamento humano, quando vive em demasia uma determinada postura, a tendência é quando se frusta com ela, adota um oposto para compensar uma falha. Existe um provérbio que diz ‘A Verdade é o Caminho do Meio’. Verdade fácil de entender mais difícil de assumi-la.
Há uma tirania masculina (cultural ou individual) que, inibe a mulher trabalhar sua projeção, é como se a felicidade da vida a dois, ou familiar, dependesse de sua subordinação – aceitação – a uma conjuntura que inibe sua ascensão como indivíduo – o adjetivo de indivíduo é indiviso, no sentido que não permite divisão – que é integro consigo mesmo. Uma experiência bastante comum entre as mulheres que vão em busca e algum objetivo, acontece, ao casarem abrem mão de seus objetivos em detrimento a questões de ordem interna e externa; no 1º cuidar dos filhos, cuidar do marido, corresponder a demandas de papeis etc.; no 2º caso devido à pressão familiar, opressão do marido, preceitos religiosos etc. Geralmente essas mulheres conseguem alguma realização em suas potencialidades somente quando se fausta, ou desgasta a vida de casada (independente ou não de uma separação).
O envolvimento com a deusa interior trata-se do despertar a energia que o
arquétipo possui. Para melhor compreensão do que é o arquétipo, faço a analogia de rios que em tempos remotos irrigavam a Terra, com o passar dos séculos esses rios secaram, deixaram de ser o fluxo de águas, para ser apenas um leito estéreo. Suponhamos em uma outra época, com mudanças climáticas, novamente esses rios voltaram a irrigar a Terra. Seu percurso ainda é o mesmo, se origina na mesma localidade e possui o mesmo desfecho no desaguar no mar, porém, suas margens e águas vão adquirir novas conotações. Assim são os arquétipos, nós herdamos essas marcas como padrões da história da humanidade, mas para a retificação de determinados padrões de comportamento, vão depender da constituição pessoal, da maneira e intensidade que cada um investirá para poder ativar estes arquétipos que certamente adquirirá uma característica impar. Assim, não vivemos nunca um arquétipo, nós possuímos uma experiência arquetípica, que é particular. Para a evolução psíquica, é importante descobrir a deusa (arquétipo) que necessita despontar em nossa vida.
Quando falo em deusa, é apenas uma linguagem mitológica que também pode ser entendido como um princípio feminino. Hoje em dia tornou-se extremamente importante o envolvimento com esse princípio, seja em nível do particular como do coletivo; como exemplo podemos ver a própria decadência do processo científico que se respalda na lógica cartesiana; Atualmente é percebido que ele é falho como processo científico, ao invés de esquadrinhar o objeto de estudo para entendê-lo (princípio masculino), percebem que o todo é maior que as somas das partes, é ver a ciência de forma holística, é ver o processo científico através do sentimento (princípio feminino). O império patriarcal está chegando em seu limite de funcionamento, a mulher agora encontra campo para se fazer valer, porém, ela por desconhecer o poder da deusa em seu interior, adota o decadente referencial masculino (animus).
O
taoismo tem um ditado para o desatino do comportamento polar do ocidental: "Quando Yang alcança sua força máxima nasce em seu interior força obscura do Yin, pois ao meio-dia começa a noite, e yang se fragmenta, tornando-se Yin".

O PODER DO MITO


"Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiencia de estar vivos, de modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo que realmente sintamos o enlevo de estar vivos".

(Joseph Campbell em o Poder do Mito)

A IMPORTÂNCIA DOS MITOS






"Desenvolver a fantasia significa aperfeiçoar a humanidade"
Jung



Os mitos não são apenas meras histórias que encantam ou desencantam quem com elas se deparam. Seu papel é extremamente importante na constituição da cultura, independente do local que se originou – se pertence ou não a um povo – ele contribui no desenvolvimento individual e coletivo. Os mitos permitem a tomada de consciência sobre a vida instintiva, possuem a capacidade de gerarem padrões de comportamentos que garantem à evolução psico-social e a atitude criativa diante da vida (nos diferindo dos animais). Eles não deixam de representarem a história de nossa humanidade, dando um sentido na existência efetiva e espiritual. Como diz Joseph Campbell: ‘Aquilo que os seres humanos têm em comum se revela nos mitos. Eles são histórias de nossa vida, de nossa busca da verdade, da busca do sentido de estarmos vivos. Mitos são pistas para as potencialidades espirituais da vida humana, daquilo que somos capazes de conhecer e experimentar interiormente’.
Em suas ações estruturantes, possibilitam referencias (consciente ou inconscientemente) a um padrão mais adequado de comportamento, como exemplo: quando uma pessoa se sente envolvida emocionalmente com a temática do herói, trata-se de um indicativo de qualidades ainda não definidas, ou refletem, simbolicamente, comportamento que é necessário ser desempenhado pelo sujeito em alguma área de sua vida; fato muito comum principalmente nos adolescentes. Em suma, pode-se dizer, os heróis possuem a função de reportar ao comportamento adequado para introduzir ou corrigir o indivíduo na perspectiva de sua totalidade.
No processo de análise psíquica, eles são extremamente úteis como mecanismo de ampliação de focos psicológicos; principalmente, quando esses focos estão carregados de energia afetiva. O que seria isto? O ser humano possui enorme dificuldade em perceber seus comportamentos que não são benéficos – mesmos as pessoas auto-depreciativas – e a maioria dos comportamentos, de certa forma não apropriados, possuem um ganho secundário cujo benefício para o sujeito é da ordem do inconsciente. Isto não deixa de ir concentrando um tono afetivo que tende cada vez mais a aglomerar energia psíquica. Assim pode evoluir tanto, ao ponto de criar um
complexo afetivo. Independente de chegar a esse ponto, os mitos, por serem expressão de arquétipos – padrões de comportamento da herança da humanidade - permite a pessoa se enxergar neles (consciente ou inconscientemente) e, assim se pode remodelar suas posturas.
A ação do mito funciona tal qual um sonho [vide artigo "Sonhos Conpensatórios e os Mitos"]; Os mitos estão para a sociedade, assim como os sonhos estão para o indivíduo. Ambos, através de suas mensagens promovem a saúde, independente, ou não, de entender seu significado simbólico – eles possuem uma eficácia por si mesmo. Se for possível compreender o desempenho do arquétipo no mito, ou, entender a ação arquetípica no sonho; permitirá uma maior liberdade decorrente do mundo instintivo, como também, uma maior liberdade de ação, um desprendimento da inserção e imposição sociocultural.
O mito devido sua riqueza simbólica, quando correspondem a um comportamento, servem para
ampliar o conteúdo afetivo. Quando não facilita a percepção do que era inconsciente, pelo ao menos, envolve o sujeito em outros parâmetros de comportamento, possibilitando uma reformulação das ações numa perspectiva de uma postura mais saudável de viver, ou apenas, amenizando o sofrimento.

ItaloJ.Furletti.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A LENDA DAS AREIAS




Vindo desde as suas origens, nas distantes montanhas, e após passar por inúmeros acidentes de terreno nas regiões campestres, um rio finalmente alcançou as areias do deserto. E do mesmo modo, como vencera as outras barreiras, o rio tentou atravessar esta de agora, mas se deu conta, de que mal suas águas tocavam a areia, nela desapareciam.
Estava convicto, no entanto, de que fazia parte de seu destino cruzar aquele deserto, embora não conseguisse fazê-lo. Então uma voz misteriosa, saída do próprio deserto arenoso, sussurrou:
- O vento cruza o deserto, o mesmo pode fazer o rio.
O rio objetou estar se arremessando contra as areias, sendo assim absorvido, enquanto o vento podia voar conseguindo dessa maneira atravessar o deserto.
- Arrojando-se com violência como vem fazendo, não conseguirá cruzá-lo. Assim desaparecerá ou se transformará num pântano. Deve permitir que o vento o conduza ao seu destino.
- Mas como isso pode acontecer?
- Consentindo em ser absorvido pelo vento.
Tal sugestão não era aceitável para o rio. Afinal de contas, ele nunca fora absorvido até então. Não aceitava perder a sua individualidade. Uma vez tendo perdido, como poderá saber se a recuperaria mais tarde?
- O vento desempenha essa função – disseram as areias. Eleva a água, a conduz por sobre o deserto e depois a deixa cair. Caindo na forma de chuva, a água novamente se converte num rio.
- Como é que posso saber se isso é verdade?
- Pois assim é, e se não acredita não se tornará outra coisa senão um pântano, e ainda isto levaria muitos e muitos anos; e um pântano não é certamente a mesma coisa que um rio.
- Mas não posso continuar sendo o mesmo rio de agora?
- Você não pode, em caso algum, permanecer assim – retrucou a voz. Sua parte essencial é transportada e forma um rio novamente. Você é chamado assim ainda hoje por não saber qual é a sua parte essencial.
Ao ouvir tais palavras, certos ecos começaram a ressoar nos pensamentos mais profundos do rio. Recordou vagamente um estágio em que ele, ou uma parte dele, não sabia qual, fora transportada, nos braços do vento. Também se lembrou, ou lhe pareceu assim, de que era isso o que devia fazer, conquanto não fosse a coisa mais natural.
Então o rio elevou seus vapores nos acolhedores braços do vento, que suave e facilmente o conduziu para o alto e para longe, deixando-o cair suavemente, tão logo tenham alcançado o topo de uma montanha, milhas e milhas mais longe. E porque tivera suas dúvidas o rio pode recordar e gravar com mais firmeza em sua mente os detalhes daquela sua experiência.
E ponderar:
- Sim, agora conheço a minha verdadeira identidade.
- O rio estava fazendo seu aprendizado, mas as areias sussurraram:
- Nós temos o conhecimento porque vemos essa operação ocorrer dia após dia, e porque nós, as areias, nos entendemos por todo o caminho que vai desde as margens do rio até a montanha.
- E é por isso que se diz que o caminho pelo qual o Rio da Vida tem que seguir em sua travessia, esta escrito nas Areias.”